SONETO DA GRANDE LUA BRANCAVindo de junho, a noite lembra outubro
e seu lúciso sol é lua branca
que nos jardins se curva e lhes arranca
a flor que em minha infância lhes descubro.Esta calma noturna, eu a perturbo
criando um rio que ninguém estanca
e indo beber na grande lua branca
um mês que não é junho, e lembra outubro.
A lua parte, sem que eu a persiga
certo de que ela em mim permaneceu
escondida no olhar de minha amiga
que silenciosamente ficou nua
e sem pudor nenhum se ofereceu
a mim, que me entregara à lua branca.
Lêdo Ivo