MAIO FINDO

Maio findou-se. Pelas florestas
Já não vicejam formasas flores.
Foram-se as bellas videntes festas
Que aliviaram meus dissabores!

Mez, que me trouxe grata alegria
— Sonhos queridos da primavera —
Gósos que d'antes, siquer um dia
Tão venturosos nunca eu tivera!

Vejo tristonha, no azul suspensa
Venus, estrella que mais fulgura!
Plena de magua, desdita immensa,
Torne-se a noite silente e escura!

Findou-se Maio!... Pelos caminhos
Não mais a doce canção celeste
Modulam ternos os passarinhos...
Tudo na terra de dôr se veste!

Maio findou-se!... Quanda saudade
Conserva n'alma das suas flores,
Das suas noites de alacridade,
Que aliviaram meus disabôres!

Junho de 1902.

                                 Elisa de Almeida Cunha

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