Soneto da Luz de Maio

             a Alessandra Leila

Neste maio que finda, o sol é grande
como em Sá de Miranda. Do algo dia
desce a luz como um raio, uma alegria
e vem ecoar nas pedras da varanda.

E até em mim ecoa essa alegria!
Mesmo em mim, que já a última esperança
de cor e luz deixara ir-se na dança
das chuvas, dos trovões, da ventania.

Vem ecoar em mim e me conduz
para a vida, de novo, e para a calma
que desce dela mesma, dessa luz

que pousa sobre tudo e tudo acalma
neste maio que finda e que reluz
nas pedras da varanda e em minha alma.
          
                                        Ruy Espinheira Filho

Do livro: Livro de Sonetos, Edições Cidade da Bahia, 2000. Salvador/BA

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