Março

Começa o espaço a se colmar de escuras
Nuvens, e a terra a se despir de flores;
E um som fatal de extranhas desventuras
Ouço na voz dos ventos rugidores.

Março chegou e, a soluçar, parece
Que trouxe um mundo de infinitas magoas.
Curvam-se a meio, os roseiraes em prece
Vendo passar o séqüito das águas.

E Março chora ao ver na correnteza
Rosas que o vento desfolhou no chão...
— Porque fingir amar a Natureza
Si nunca o Inverno teve coração!...

                                   Edwiges de Sá Pereira

Enviado por Leninha
NE: Foi respeitada a ortografia da época em que a poesia foi escrita

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