SETEMBRO

Só crio pássaros em árvores.
Reconheço um sabiá
que me acorda acompanhado
por um coro de pardais,
privilégio urbano
de quem insiste em
deixar crescer sementes
das quais ignora o nome.

As raízes quebram o asfalto,
o tédio das calçadas
lajotas simétricas
verdes, cinzas,
desenhadas pelo tempo.
Amanhece sempre
através dos séculos,
mas ainda há passaros
em setembro.

             Jurema Barreto de Souza

Do livro: Policromia, A Cigarra Edições, 2010, SP

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