A Ninfa

No bosque silencioso em que se inflama
O alto sol e onde as árvores em torno
Se condensam, formando implexa rama,
Passa um corpo de Ninfa, esbelto e morno.

É noite. Um luar de opala se derrama...
Nas clareiras, a Ninfa, — excelso adorno —,
Teme um Sátiro audaz, de olhar em chama,
Que persegue dos lagos no contorno.

Corre a Ninfa sutil no ermo do bosque
Através da intrincada ramaria,
Embora o mato às pernas se lhe enrosque,

Fugindo ao capro, célere recua:
— Do olhar mostrando a fulva pedraria
E o sereno esplendor da carne nua.

                                                                Carlyle Martins

Do livro: "Evangelho do sonho", Tip. Gadelha, CE, 1931, in: A Poesia Cearense no Século XX, org. Assis Brasil, 1996, FCF/Imago, CE/RJ

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