MÁSCARA DE FAUNO

            (Paráfrase de Rimbaud)

No escrínio verde arabescado de ouro
Da folhagem florida, na urdidura,
Onde o beijo do sol, como um besouro,
Zumbe, violando a rica bordadura,

Um Fauno pisca os olhos, escarninho,
E trinca aos dentes pétalas de chamas:
Sanguento e vivo, como um velho vinho,
Seu lábio estala em risos sob as ramas.

E depois que fugiu, como um esquilo,
Seu riso, em cada folha ainda estremece.
Sente-se, por um pássaro intranqüilo,
O Beijo de ouro do Bosque de adormece.

                                                               Theoderick de Almeida

Do livro: "Ouro, incenso e mirra", Oficinas Gráficas Guido & Cia, 1931, RJ

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