PROMETEU

Transido de amargura e de estorpor transido,
Ei-lo ao penhasco preso a contorcer-se em dor.
Espalham-se no mar os furacões de horror
De seu pranto feral de lavas incendido.

Em sua alma perpassa a fúria, o destemor,
A vingança de Zeus e, Prometeu, ferido,
Vociferando aos céus lamenta o sonho fido
Que foge-lhe das mãos no abismo bramidor:

"Ó Zeus — senhor horrendo! A tua ignóbil destra
Relâmpagos de aço espalha! Tua sestra
Imerge as gerações nas trevas dos assombros..."

Cala o céu! Treme o mar! Na rocha, acorrentado,
Suporta Prometeu, o ventre lacerado,
Dos séculos a noite esmagando-lhe os ombros!

                          Luiz Roberto Júdice

« Voltar