HIACINTO
"A não ser que se possa tomar como culpa o ter amado."
                                                                Ovídio   Met., 10,201
A Zéfiro preferiste Apolo.
Transformou-te em flor
o deus da luz e da beleza.

À tarde,
o oeste
cinge teu corpo
e o beija.

Ai, ai, Hiacinto,
não bastava um deus para te amar?
 



 


CRONOS

Devolve, Tempo, amados
corpos. Belos
como no instante único.

Não devorará
os bem-amados corpos
a de Cronos
cruel voracidade.

No visco da correnteza,
magia em flauta e pandeiro.

Ressurgem resplandescentes
dos quebrantos da Memória.

No alto céu
retalha
a Noite
as suas emboscadas.

                                                    Hélio Lopes

Do livro: "Espelho aceso", Ed. do autor, 1990, RJ

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