SONHANDO COM O AMOR DE ORFEU

Andava por caminhos verdes, bonitos, suaves,
À sombra de tamareiras cheias de frutos e viço
Não sabia onde estava, nem o que eu fazia ali
Mas ouvia ao longe o choro fino de uma criança
Era o choro de um recém nascido, um neonato
Chegando ao mundo repleto de esperança

Alguém estava saltitante, contente e radiante
Cantava e sorria, muito feliz e triunfante
Era um belo homem, probo, faceiro e galante
Tocando sua lira, com um som estonteante
Entoava rimas, com felicidade e muito esmero
O épico, Ilíada e Odisséia, criada por Homero.

Eu estava na Grécia Antiga, onde nasceu a poesia
Num reduto natural, berço da Civilização Ocidental
Todas eram cantadas, acalentadas por ORFEU
Com aquele aparato, tocava musica limpa e original
Era um sonho sem igual, que nunca me ocorreu.

Orfeu era filho de Calíope e de Apolo, deus da música
Que presenteou seu filho com uma lira muito especial
Árvores se curvavam para pegar seus sons ao vento
Daquele regalo cheio de poderes, tão belo e singelo
Encantava pedras e animais com aquele instrumento.

Orfeu tinha um amor e com a ninfa Eurídice se casou
Aristeu um apicultor ciumento, a perseguiu... Um tormento!
Ao fugir, a ninfa caiu e morreu picada por serpentes
Para o reIno de Hades ela entrou e Orfeu se desesperou
Ceifado pela dor, tocava seus acordes descontentes.

O poeta da harmonia, resolveu resgatar sua amada
Entrou no mundo dos Mortos, com sua mágica lira
Hades comovido, sua esposa querida lhe devolveu
Com a condição de que ele não olhasse para trás.
Mas Orfeu curioso, olhou, e Eurídice desapareceu.

Não, minha amada, tu és um fantasma, já se foi!
Desapontado com a humanidade vagou pelas selvas.
Mulheres violentas da Trácia, seguidoras de Dionísio
O mataram e jogaram sua cabeça cortada no Rio Hebrus,
E flutuou ainda cantando sôfrega: "Eurídice! Eurídice!".

As nove Musas choraram e o enterraram no Monte Olimpo
O espírito de Orfeu, em Hades, viu Eurídice, a sua amada
Feliz, tocou seu mágico e bendito instrumento com amor.
Finalmente, sem dor, para os braços de Eurídice ele voltou
Alegre e espantado com sua sorte, tocou suave, sem ira
E no Céu formou-se uma Constelação com o nome LIRA.

No berço da poesia, cercada por magia, estava eu
Ouvindo os acordes da lira e os versos de Orfeu
Li as Odisséias de Homero, suas lutas, sua história,
Sonhei com um amor que sonho fielmente possuir
E meus versos acanhados, um dia, narrarem o que vivi

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a poesia lírica, o estro, a inspiração, a arte poética nasceu
de um instrumento musical muito comum na Grécia antiga,
chamado LIRA...

Meg Klopper

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