Lareiros

       Ponto a ponto
       conoibgi neys altares.
                    Myriam Fraga

Um deus ecoa pelos corredores,
e seu sorriso abafa os choramingos.
Na janela vestida de domingos,
um deus exala aromas, sons e cores.

Um beija a aurora em pé sobre o telhado.
Um vela a dor debaixo do tapete.
A voz de um deus entoa um tirinete
de alegrias, tristezas e pecados.

Um velho deus que late no quintal.
Um novo deus que esquece a luz acesa.
Os deuses lares vão em seu ritual...

Um traz no colo o malmequer desfloro.
Um dita. Um se deleita. Um põe a mesa.
Um guarda sob a cama meus tesouros.

                               Luís Antonio Cajazeira Ramos

Do livro: Mais que sempre, 7Letras, 2007, RJ

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