DO MINOTAURO REVISITADO
O Minotauro alçou seu labirinto
a conturbar-me e a arder este caminho.
Não há rumor nem passos, mas pressinto
simulacros na taça do meu vinho
em paisagens, talvez de novas Grécias,
refletidas no assombro de um espelho,
a condenar-me a insulsas peripécias
e a revestir meu rosto de vermelho.Conto os sete epitáfils de Creta
e equilibro fantásticos cenários,
a incrustrar no tremor de algum ascetameus refúgios e medos milenários
— enquanto nos meus olhos cravo a seta
que me faz singular e me faz vários.Joanyr de Oliveira
Do livro: Tempo de Ceifar, Thesaurus Editora, 2002, Brasília/DF