Boca viçosa, de perfume a lírio,
da límpida frescura da nevada,
boca de pompa grega, purpureada,
da majestade de um damasco assírio.
Boca para deleites e delírios
da volúpia carnal e alucinada,
boca de Arcanjo, tentadora e arqueada,
tentando Arcanjos na amplidão do Empíreo.
Boca de Ofélia morta sobre o lago,
dentre a auréola de luz do sonho vago
e os faunos leves do luar inquietos...
Estranha boca virginal, cheirosa,
boca de mirra e incensos, milagrosa
nos filtros e nos tóxicos secretos...
Cruz e Souza
Do livro: "Livro do Corpo", LP&M Editores, 1999, RS
Enviado por: Márcia Maia