Ninguém nas asas da mais leve aragem,
a ti enviou lembranças tão saudosas;
ninguém horas passou tão deleitosas
de amor te ouvindo a férvida linguagem;
ninguém da tua vida na passagem
semeou, sem espinhos, tantas rosas;
ninguém te diz palavras tão mimosas,
contra o peito estreitando tua imagem;
ninguém de alma te deu mais lindas flores,
nem tanto desejou quanto eu desejo,
delas, tão puras, conservar as cores;
ninguém sabe beijar, como eu te beijo;
ninguem assim por ti morre de amores;
ningém sabe te ver, como eu te vejo.
Adélia Fonseca
Do livro: "Vozes Femininas da Poesia Brasileira", Cons. Est. de Cultura, 1959, SP