Indústria
Que la fournaise flambe, et que les lourds marteaux,
Nuit et jour et sans fin, tourmentent les métaux!
O homem bate-se contra o mundo. Cada força viva é um inimigo.
À parte a luta das paixões, trava-se na sociedade a batalha
perene das indústrias.
Combate-se contra o tempo que atrasa e contra a distância que
afasta.
A locomotiva atravessa as planícies como um turbilhão
de ferro; a
rede nervosa da telegrafia cria a simultaneidade e a solidariedade
na face do globo; o steamer suprime o oceano; o milagre de
Guttemberg precipita em tempestade as idéias, reduzindo o esforço
cerebral; exacerbam-se os ímpetos produtores do solo, com a
energia
vertiginosa das máquinas. Vibram as cidades ao rumor homérico
das
caldeiras. Cada dia, o combate ganha uma nova feição
e o ventre
fecundo, o ventre inexaurível das forjas, para as novas pugnas,
produz novas armas.
Bendita febre industrial!
Bendito o operário, mártir das indústrias!
Estenda-se por todo o firmamento o fumo que paira sobre as
cidades, vele aos nossos olhos os abismos da amplidão e os signos
impenetráveis das esferas.
Raul Pompéia
Do livro: "Canções sem Metro" (1900), org.
Afrânio Coutinho. Assistência Eduardo de Faria Coutinho, Ed.
Civilização Brasileira/Oficina Literária Afrânio
Coutinho/FENAME, 1982. v.4, RJ. Poema integrante da série III –
O Ventre
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