Soneto
A parda Maria Bárbara, mulher de um soldado, cruelmente assassinada,
porque preferiu a morte à mancha de adúltera.
Se acaso aqui topares, caminhante,
Meu frio corpo já cadáver feito,
Leva piedoso com sentido aspeito
Esta nova ao esposo aflito, errante...
Diz-me como de ferro penetrante
Me viste por fiel cravado ao peito,
Lacerado, insepulto, e já sujeito
O tronco feio ao corvo altivolante:
Que dum monstro inumano, lhe declara,
A mão cruel me trata desta sorte;
Porém que alívio busque a dor amara.
Lembrando-se que teve uma consorte,
Que, por honra da fé que lhe jurara.
À mancha conjugal prefere a morte.
Tenreiro Aranha
Enviado por: Belvedere
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