Passarinho que logras docemente
Os prazeres da amável inocência,
Livre de que a culpada consciência
Te aflija, como aflige ao delinqüente;
Fácil sustento e sempre mui decente
Vestido te fornece a Providência;
Sem futuros prever, tua existência
É feliz limitando-se ao presente.
Não assim, ai de mim! porque sofrendo
A fome, a sede, o frio, a enfermidade,
Sinto também do crime o peso horrendo...
Dos homens me rodeia a iniquidade,
A calúnia me oprime,e, ao fim tremendo,
Me assusta uma espantosa eternidade.
Tenreiro Aranha
Enviado por: Belvedere