Uma por uma, da existência as flores,
Se a existência que temos é florida,
Uma por uma, no correr da vida,
Fanadas vi sem viço e vi sem côres.
Sonhos mundanos, sois enganadores,
Alma que vos sonhou, geme iludida;
Existência, de flores tão despida,
Que te fica senão tristeza e dores?
Do mundo as lusões perdí funestas,
Ao noitejar da idade, em amargura,
Esperança cristã, só tu me restas!
Fujo contigo desta vida impura,
Nas crenças que tão mística me emprestas,
Transponho antes da morte a sepultura.
José Bonifácio de Andrade e Silva
Do livro: "Os cem melhores sonetos brasileiros", Livraria
Freitas Bastos, 4ª ed., 1941, RJ
Enviado por: Belvedere
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