Entre Marília e a pátria
Coloquei meu coração:
A pátria roubou-m'o todo;
Marília que chore em vão.
Quem passa a vida que eu passo,
Não deve a morte temer;
Com a morte não se assusta
Quem está sempre a morrer.
A medonha catadura
Da morte feia e cruel,
Do rosto só muda a cor
Da pátria ao filho infiel.
Tem fim a vida daquele
Que a pátria não soube amar;
A vida do patriota
Não pode o tempo acabar.
O servil acaba inglório
Da existência a curta idade;
Mas não morre o liberal,
Vive toda a eternidade.
(ENTRE MARÍLIA E A PÁTRIA VARIANTE)
Entre Marília e a pátria
Coloquei meu coração:
A pátria roubou-m'o todo;
Marília que chore em vão.
Marília, pede a teus filhos,
Por minha própria abenção,
Morram, como eu, pela pátria;
Marília que chore em vão.
Apenas forem crescendo,
Cresçam co'as armas na mão,
Saibam morrer, como eu morro;
Marília que chore em vão.
Defender os pátrios lares,
É dever do cidadão.
Quando exalem pela pátria;
Marília que chore em vão.
Frei Caneca
Do livro: Obras políticas e literárias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Org. Antonio Joaquim de Mello. 2ª .ed. 1979, PE
Fonte: site do Itaú Cultural