NATUREZA MORTA
flores
copulam sem jardim
mortas no desejo
da beleza eterna
no beijo sem beija-flor
sangue sem derrame
sem caule
sem prece
sem altar
flores no desbotar das cores
sem orvalho
sem odor
pálidas em sua transparência
de asco
flores de plástico.
Marcio Carvalho
Do livro: Navalhas voadoras para cortar a tarde, SERJ, 2006, RJ