A Flor e a Brisa
Linda flor que na floresta
Vivia triste a scismar,
Fez-lhe um dia a brisa festa,
E poz-se a flor a corar.
— “Que sentes, linda florsinha,
Perguntou-lhe a brisa então,
Doe-te o viver tão sosinha
Nesta erma solidão?”
— “Meiga brisa, — mais corada
Respondeu-lhe a flor assim, —
Eu vim aqui desprezada,
Ninguém se lembra de mim!”
— “Pois virei, flor de esperança,
Falar-te de amor e Deus:
Mas dar-me-has por lembrança
Num beijo os perfumes teus.”
E foi-se lá na floresta,
Deixando-a triste a scismar;
E nunca mais fez-lhe festa,
Que a flor se poz a murchar!
Bittencourt Sampaio
Do livro Anthologia de Poetas Sergipanos, de Serafim Vieira de Almeida, Typograhia Cupolo, 1939, .SP
Envio: Leninha
N.E.: Foi respeitada a ortografia original