A flor de cerejeira
Eu poderia sonhar em um céu azul com flores brancas das cerejeiras
anunciando a primavera...
Estaria eu em outra era
e nessa cidade em tenra idade
já tinha eu um compromisso
mesmo não sabendo o que era isso
já mal pensava em mim mesma como ser humano
já tinha obrigações com outro ser além de mim...
cuidar de outro senhor, e dispor de meu corpo como se dele fosse
E eu assim me vi, em nuvens assisti
um novo ser e um novo porvir
cantavam as gueichas
e onde mulher não se queixa
em sociedade altruísta em espírito
mas, extremamente machista na matéria...
Como paradoxo me encontrava
em doce alma me transformei
e de longe delinei um outro porvir
em terra nova renasci para ser
um ser com dom de escrever
e para outros satisfazer...
Entre tantos e tantas vivências
dessa me lembro claramente
em minha infância útil ao ser espiritual
em carne me fiz em pó me refiz.
Sou alma livre liberta de mim,
solta na minha matéria me desloco
em minha terra aos sabores
de um ser sem fim.
Foi ela, a flor da cerejeira
que me fez faceira,
lembrar de outra eu...
que um dia fui, eu era...
Rosy Beltrão