buritis silvestres
o meu primeiro poema
foi escrito sob a sombra
dos buritizais em flornão tinha papel nem lápis
apenas as mãos nervosas
e a boca ressecada
buscando tuas mãos geladas
e teu hálito de rosasas palmas alvoroçadas
acenando contra o vento
da tarde o vasto silêncio
teciam a cada assobio
a melopeia do tempono chão de areia gravado
meu poema era um navio
de amarras soltas no mundo
a procura da ventura
de navegar outros rioscaía uma chuva fina
de frágeis cristais de luz
de buritis amarelos
Zemaria PintroDe: Blocos - jornal/revista cultural aternativa nº 31, 1998, RJ