O BOÊMIO E A ROSA

Era um boêmio e tinha um certo jeito
de encantar as pessoas, pois trazia
à lapela uma rosa, que dizia
ser o seu coração fora do peito.

Nos bares, nas serestas, era o eleito
das noites, e ao violão, cantando, erguia
a rosa, e a mostrava, satisfeito,
beijando-a a cada nova melodia.

Um dia, no jornal, veio a notícia:
"Desconhecido (é o laudo da polícia)
foi morto por ladrões, numa viela."

Seu corpo por ninguém foi reclamado.
Tinha aos seus pés um violão quebrado
e uma rosa vermelha na lapela.

                                        Orlando Brito

De: Blocos - jornal/revista cultural nº 32, ano 8, julho 1999, RJ

« Voltar