AS ROSAS

De cinzas foram feitas estas rosas
que sob a terra em sono estavam calmas;
as pétalas de névoa agora selam
o silêncio de um corpo e seu mistério.

O caule mergulhado na memória
onde flui incessante seiva de almas,
e o vago aroma nasce da penumbra
como um rastro de lágrimas já secas.

As rosas — lenta imagem transitória
do reino que se perde na distância
ou de um adeus murchando magros dedos.

E quando sopra o vento de repente
elas revivem sempre o seu segredo,
—, de tontas cores tantas borboletas.

                                               Cícero Acaiaba

Do livro: Poemas escritos na névoa, Ed. autor, 1982, Belo Horizonte/MG

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