Desejos no porta-retrato
Enquanto teço um colar de contas
encantadas
um fio de lágrimas
incontidas
por entre os nós se desata.
Passamos da conta na trama dos fatos:
tu colhes os fios desse novelo
torce-os e teces um pesadelo
e o sonho espantas.
Amarelados, envelhecidos
por tristezas tantas
os desejos recalcados e esmaecidos
recolhem-se e se contorcem em imagens desnuda
que criam rugas
e nos acusam, tolhidas no porta-retratos.
Maria Esther Torinho
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