Óléo sobre Tela - Siesta / CHEN BOLAN
Alma exposta
Escrevo neste instante, quando há silêncio,
para te falar da dor que vai em mim.
Os sonhos me parecem agora tão distantes
e o que eu mais queria é que não fosse assim.
Preciso deste espaço assim, tão quieto,calmo
mesmo que eu o tenha só para chorar
porque, neste momento, esta pobre lágrima
vai ser ombro amigo para eu repousar.
Se não encontro eco em minhas palavras
falo,então,sozinha, com o meu pensar
mas eu busco, luto, tento demonstrar-te
como estou sofrendo neste despertar
Sem que dês por conta eu vou me acabando,
Choro e busco luz para me reencontrar
Sinto que é inútil,pois meu pobre peito
Não acha respostas para se explicar.
Ah, se eu conseguisse, só por um momento
Te mostrar a chaga que trago comigo
Verias como é funda e quanto está sangrando
Talvez tu me chamasses, ofertando abrigo.
Mas aceito tudo, que já não me entendas
e sequer aceites o que venho a ser
pois se em meu martirio eu já não me acho
como desejar que tentes compreender?
Eu tenho a certeza que o tempo fará
Com que eu consiga despachar a dor
de sentir-me só, um ser abandonado
que já não merece ter nenhum amor.
Como exigir de alguém que nada deve
que divida a conta, me ajude a pagar?
Sei que isto não posso e, dessa forma, sofro,
vendo o lindo sonho a se desmoronar...
Mas ainda espero que olhando à frente,
possa eu dizer, em forte e alto som
Entreguei-me inteira, corpo, alma e mente
e,mesmo sofrendo, gritarei: Foi bom!
Busco algo utópico? Poderás pensar...
que perco meu tempo, e me afogarei
neste mar imenso, com ondas tão fortes
Nisto eu não creio...Sobreviverei.
Por esse motivo é que te falo,agora
quando tu já dormes, ou finges dormir,
por favor, entendas que ainda te quero
mas é minha hora, preciso partir.
Tania Melo