Japão, Vossa Ansiedade

Sou humano; vossa ansiedade é o meu sofrer
Agora, deveria ver toda a beleza; cerejeiras em flor
Vejo vossos rostos… que dor; ver nucleares a derreter
Queria se possível, poder minorar vossa dor
Maremoto, as entranhas ardendo e dando urros
Montanhas de água a levantar, e tudo empilhar
Chão se abriu em abismo; ali caíste; onda a empurrar
Ficaram ente queridos em ansiedade e a chorar
Milhares sem casa, sem agasalho, sem família ou pão
Nada adiante a humanidade de mãos erguidas orar
Cada dia piores são as notícias; fazem doer o coração
Meu estômago tem borboletas a voar
Tremendo de tudo que ao universo vem acontecendo
Guerras, chuvas mil; montanhas deslizando; a esmagar
Essas catástrofes fazem-me um horror tremendo
Vive a humanidade cheia de ansiedade e medo
Mosquitos, raiva, câncer; caindo radiação nuclear
Vos digo; respeito pela mãe natureza e o segredo
O próximo como a ti mesmo deves respeitar
Amigos Japoneses; é tão lindas as cerejeiras em flor
Hoje a humanidade pensando em vos, esta a sofrer
Olhos esbugalhados, sentem grande dor
Vendo tantos desaparecidos e tantos de vós a morrer
Esperavas a primavera com ansiedade
Afinal, foi a dor e incerteza que vos chegou
A natureza actua, vezes com amor, outras sem piedade
Fogo da terra chegou ao limite e rebentou
Deixando as gentes do universo em ansiedade.

Armando Sousa
Toronto/Canadá, 17/3/2011

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