Quintana sempre me dizia
"esses que aí estão
atravancando o meu caminho
eles passarão
e eu passarinho"
gosto do vinho verde
e branco
com gosto virgem da flor
cujos lábios
nunca pousaram pro retrato
eu poeta fausto
quero a uva
e o diabo a quatro
e quintana sempre me dizia:
"eu sou como sou passarinho
intransponível"
poeta é assim mesmo
só deseja o imprevisível
impossível imaginário
e assim chega ao centenário
sendo assim ou seja como for
um beija-flor
um passarinho
quer construir seu ninho
nos lábios daquela aflor
Artur Gomes