VOTO
eu voto nas velhas árvores
aquelas que não mais se envergam ao vento
e ainda sentem-lhe o frescor
e os sussurros
nas crianças
as que brincam e sonham
com armas de brinquedo
e com os homens iguais
na quietude do azul
no mar e no sono
velar a noite
em dia com a poesia
voto na palavra
nessa que não sai da boca
mas que salta aos olhos
e esmaga o peito
no silêncio
que cala a palavra aflita
que esconde a verdadeira pele
que une o vazio, a distância e o pensamento
voto na liberdade
de escolha
de subir no muro
de apenas não voltar
Lílian Maial