Onze anos

Vai criança, brinca!
Que teus onze anos não tornam mais!
Torna no espaço as lágrimas
Os sorrisos e as lendas
Das estórias que vivem na tua alma.
E que salve a estória na história,
Tu, que ainda tens olhar infante,
Como a janela de sol entrante
Que convoca-nos a memória!
Ah, criança, se eu pudesse contar-te
Como fogem da boca as palavras.
E se eu pudesse mostrar-te
Como elas te seguem,
No vácuo da leveza de ser assim:
Tão mais humano que uma estante
E que um livro que dorme à estante.
Chega, deita aqui, criança.
Empresta-me tua sabedoria,
Dos teus onze anos de sonhos
Mais a vida e a morte acumuladas
Em cada página escrita com tua arte.
Empresta-me, pois que ao mundo falta
Estes fios de ingenuidade
Que teceram a rede na qual deitas.

                                  Fernando Paganatto

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