Para Dalton Trevisan

O Vampiro que me inspira ainda desenha a cidade
Abate abutres e revolve suas vísceras
À procura de segredos, arquitetando as palavras
Em edifícios antigos, em becos, em porões e sótãos
Esconde-se deixando o rastro do sangue de sentir(es)
Esgueirando-se em sombras, oculta o rosto amassado
Pelo tempo, em pregas alinhavadas pelos fios elétricos
Onde outrora descansavam passarinhos
Os tipinhos passantes não lhe adivinham as histórias
Sorvidas em camas outras, distantes,
Grávidas de bigodinhos e de Nelsinhos
João e Maria despregaram-se das páginas
E hoje chacoalham nos suburbanos ônibus
Sem ponto final na linha da vida
            
                      Thaty Marcondes                           
   

   (Em 2007, singelíssima homenagem nos 82 anos de Dalton)

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