Novembro negro como o óleo na Galíciao óleo negro
mata
neste novembro mais negro de que todas as escuridões
já conhecidas pelas minhas lentes
e retinas
há muito mas muito
o que chorargente
que como muito ouvi dizer
volta para a eterna
secular
morada da esperançagente
que como muito ouvi falar
nos deixa de repente
como se a deusa ciência já houvesse fabricado
a máquina definitiva
de clonar amor
e confiançagente
que como muito vejo por aí
explode sem saber aonde vão parar
seus estilhaçosgente
que como vemos nós em quadros novos
demonstra que a consciência se perdeu
assim como de um pássaro
abatido
o canto se rompeuainda que se façam madrugadas
anoiteceres
ainda que queiramos sorrir
para que doenças sejam
debeladasquando
se pensarmos
o desejo apenas é o de calarintrojetar sentidos e humores
sentar naquela pedra
no vão de alguma ponte
ou estradae pensar muito se ainda há o tanto
pelo que rezar
ou se o que vai sair é um som sem eco
sem contornonuma espécie de retorno
a eras ancestrais
quando se matava como animais de fato
predadores
porém mais pelo atraso
pelas impossibilidades
pela própria exigüidadede uma vida sem luxo
tratamentos de vanguarda
efeito estufa
e pele artificialE estamos aqui
a i n d a
a saber que tudo se reflete na saúde
e não adianta engolir milhões de pilulinhas
se ainda não fizeram a compaixão
em gotas
nem inventaram o fim dos radicaisGente tem muita [como eu]
que se perguntaserá dessa maneira tão maluca
que vamos conseguir sobreviver
e vislumbrar a i n d aa tal de Paz?
Eliana Mora