SAUDADE

Não digas,
Não acenes,
Não te lembres.
Que se mantenha mudo, hirto e sem memória
O nosso adeus eterno,
E que o poeta, do seu negro inferno,
Cante como puder
A mágica aventura de encontrar
E perder, a sonhar,
O teu aberto corpo de mulher

Coimbra, 26 de Março de 1971.

                                             Miguel Torga

Do livro: Diário XI, s/ editora, Coimbra, 1973

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