SAUDADE

Que nostalgia nos chorosos, lentos
carros de boi monótonos da aldeia!
Que tristonha beleza nos rebentos
do meu sertão, à luz da lua cheia!

Recordo agora os rostos poeirentos
dos tropeiros da vila quieta e feia...
E o coração, revendo esses momentos,
de longínqua saudade se incendeia.

Repentino clamor de cavalgadas
na síncope noturna das estradas
vem devolver-me extintas emoções.

E no cheiro da terra e na ramagem
pressinto o rouco pássaro selvagem
que cantava nas minhas solidões...

                         Anderson Braga Horta

Do livro Soneto antigo, Thesaurus Editora, 2009, Brasília/DF

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