SONETO
Eu passava na vida errante e vago
Como o nauta perdido em noite escura,
Mas tu te ergueste peregrina e pura
Como o cisne inspirado em manso lago,
Beijava a onda, num soluço mago,
Das moles plumas a brilhante alvura,
E a voz ungida de eternal doçura
Roçava as nuvens em divino afago.
Vi-te; e nas chamas de fervor profundo
A teus pés afoguei a mocidade
Esqueci de mim, de Deus, do mundo ! ...
Mas ai! Cedo Fugiste ! ... da saudade,
Hoje te imploro desse amor tão fundo
Uma idéia, uma queixa, uma saudade!
Fagundes Varela