Tratado das pequenas perfeições à luz da utopia

Aberta em asa a pomba de Picasso
em sóis do voo viril do livre arbítrio
acusa o chão de grades que alimenta
a pedra de Drummond das intenções.

A heteronímia viva de Pessoa
asfalta faces múltiplas escolhas
em solidão-nos cheias de entrelinhas.

Mistérios Mona Lisa de sorrisos
soçobram ante flechas matadeiras
de sonhos peregrinos viscerais.

Camões em mãos de águas lusitanas
ousou cantar conquistas patriotas
em rotas naufragadas de ilusões.

Beethoven filarmônico harmoniza
os sons surdinos urros sibilantes
de agudos egoísticos irmãos.

Veredas são sertões de Guimarães
“Rosa do Povo” sonha nuvens claras
da “Banda” que apesar de “Vai Passar”.

Imagine John Lennon num filme
apoteótico e futurista e libertário
na “Paulicéia Desvairada” de Mário!

Os galos João Cabrais unem as cristas,
cristais de gelo quente na utopia
humana e sã, que aponta e que reluz.

Na “Hora da Estrela” o ocaso ascende
e a epifania lúdica Clarice
estoura n'alma tímpanos de luz!

                               Maria Elizabeth Candio     

2º lugar no "Concurso Escriba de Poesias 1994", Piracicaba/SP

 

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