Percurso

No silêncio da língua,
                             afio as palavras.
Todas tão belas e tão bravas.

São todas feras, como a palavra magma
e como a palavra buceta que, na língua,
                               queima em brasa.

Amolo as palavras extintas e arredias
que serpenteiam
           no movediço terreno do idioma.

Regulo seus sentidos e recebo um não
das palavras código, égua
                       e inconstitucionalização.

Contrario a inexorabilidade do ofício:
desafio os vocábulos, desafino a sintaxe
e os ouvidos.

Subverto a lâmina das palavras
para, novamente, (no silêncio) afiá-las.

                                             Ricardo Thadeu

2º lugar no "III Concurso de Poesias Autores S/A", 2014, RJ

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