FLOR SINTÉTICA

Emergindo de um vaso de cristal
e rescendendo à rosa e à clorofila
uma formosa flor treme e oscila
esplêncida, em seu porte divinal.

Seu colorido ofusca-me a pupila
e ela é tão delicada e tão real
que em sua transparência natural
sutil orvalho em pérola destila.

Tomo, então, entre as mãos, a meiga flor,
que o encantamento anímico ressalta,
mesmo sem ser da hatureza havida.

E vejo que perfuma, que tem cor,
mas para ser autência, lhe falta
a vibração emocional da vida.

                                        Elisa Barreto

Do livro: Sonetos, O Recado editora, 1995, SP.


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