Vida Literária

Escuto a máquina de escrever
da primeira tecla que bate
um pássaro dá meia-volta

voa para longe, das seguintes
um menino leva os dedos
à boca e chora

no meio de tinta azul
pintava um céu em círculos
à volta de um sol tranquilo

o pássaro que saiu voando
e o menino que ensaiou
na língua uma palavra azul

são o que hoje soa
da máquina de escrever
Amanhã por uma esquina

do teclado sairá
um homem que esconde
a sua noite por um prédio

num desvão calado
- E a poesia encerrará
as suas teclas mais tristes?

                                     J. T. Parreira

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