A NOITE BRANCA
Uma fonte clara e musical
canta na noite branca de Roma
e dos jardins pagãos vem o aroma
que embalsama as camas dos amantes.
A água de si mesma enamorada
cinge a fronte fria das estátuas
de dia feridas pelas fátuas
vozes dos turistas sucessivos.
A memória oculta das cloacas
narra o seu trajeto de água e fábula
pela boca dos tritões e máscaras.
No brancor da praça adormecida
Aparece um travesti aidético
E ouve a fonte, a eterna voz da vida.
Lêdo IvoDo livro: Poesia Completa 1940 - 2004, estudo introdutório Ivan Junqueira, Topbooks, 2004, RJ