O JORNALISTA E O JARDINEIRO

                             Ao Marcelo Rennó

Encontraram-se na praça
O jornalista era jovem,
sem matéria, sem vintém,
contava a sua desgraça,
ao jardineiro idoso,
de mãos grossas, enrugadas,
portando tesoura e enxada,
mas parecendo ditoso...

-Você que cuida da grama,
que colhe flor a granel,
sem diploma, sem anel,
saberá algo da fama?...
Joga a semente na terra
e a chuva e a bom tempo
completarão seu intento:
a florada que espera...

Pensa alto o jardineiro:
- Ao diploma, e ao anel
deve sempre ser fiel.
Há semente e há canteiro...
Há “folha” a ser adubada
em cima de sua prancheta.
Em vez da enxada, a caneta.
E o tempo urge da hora exata.

Diferenças?... Que importa?...
Quando tudo acabar bem!
Jornalista ou jardineiro,
aquele, da pena é o obreiro,
e, da terra, o outro também...

A fama, é sonho, quimera
que ao jovem impõe-se - incauto.
O Tempo falará mais alto
quem melhor cuidou da hera,
            quem melhor cuidou da Era!

                          Terezinha Ofélia Nascimento Rennó

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