RITUAL

A lua é cheia,
o vento é forte,
árvores beijam o chão.
Baliemos nuas
na escuridão conjurando sonhos
em maldição.
Uivando livres
sem solidão.
É lua cheia:
        bruxas, acordais
        bailais!

Ferve o caldeirão
É noite de comunhão.
Do sim, do não.
Palabra livre,
não há "não pode".
           Ponham-se nuas,
           pois hoje é noite
           de cheia lua...

DIÁFANO

Flutuas ao meu redor, entre luas cheias
de vontades.
Alimentas meus longínquos olhares
que nada enxergam.
Fazes com que siga para além do que posso
e daquilo que quero.
Mesmo que te ordene
a saída, o esquecimento, permaneces.

A cada noite te exorciso
embora renasás
sempre que amanhece.

                                            Graça Coêlho

Do livro: "Imensitude", 2000, Blocos, RJ

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