Língua portuguesaÚltima flor do Lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativa, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvio da procela,
E o arrolo de saudade e de ternura!Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac