Ano-Novo

Fui à loja de antiguidades
Esmiucei o brechó

De sua penca de inutilidades
Gostei de algumas frases
Que resumiam o Ano-Novo

Uma delas dizia
Da transcendente alegria
Dos chamados novos dias

Outra, meio severa,
Alertava a galera
Do inevitável sem-fim da guerra

Uma a uma
Com seus contras e prós
Penetravam-me como um cordão
Através do ilhós

Eu olhava as tralhas bacanas
Os desenhos das porcelanas
As delicadas filigranas
E me esquecia do mundo lá fora
Daquele imenso calor

O pensamento se enrodilhou nas frases que escolhi
(De que, tão logo na calçada, me esqueci)
E o cheiro manso das coisas velhas me fez feliz
A lembrar dos anos que percorri displicentemente

Procurando novidades
Refinando saudades
Desejando igualdades

Aos enternecidos corações de todos nós.

                                  Galdino Moreira Neto

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