AO QUE VIRÁ
Chegamos ao fim de mais um ano do século XXI
Algumas tragédias não foram de rotina
Algumas amizades tornaram-se intensas
Outras não se mostraram muito amistosasMais um ano em que não pude ter o que sonhei
Não deu para não ver crianças mendigando
Não deu para não ver pessoas se matando
Nem a felicidade nos olhos do vendedor que me enganouPara os próximos anos que virão
Desejo que todas as previsões ruins não se confirmem
Desejo mais expectativa de vida para todos
Desejo a multiplicação das fraternidades ocasionaisQuero que o homem se preocupe mais com a Terra
E menos com a geografia do solo marciano
Quero que a possibilidade de livre comércio
Não venha acompanhada de atos protecionistasFicaria satisfeito se houvesse alimento para todos
Se as doenças incuráveis fossem coisa do passado
Se nenhuma frustração se transformasse em depressão
Se as grandes paixões sempre fossem correspondidasQue nenhum filho morra enquanto os pais estiverem vivos
Que ninguém morra com a percepção de falta de solidariedade
Que para as nossas conquistas não haja derrotados
Que a visão de uma estrela vésper efetivamente inspire a todosQue não tenhamos nem a seca nem as enchentes
Que não sejamos nem óbvios nem enigmáticos
Que compreendamos a real distância entre o discurso e a prática
Para que assim ajudemos a distribuir melhor o pãoFelipe Cerquize