Natal Permanente
Queria um Natal permanente,
à prova de bala,
de fome,
e a favor da gente
Que andasse pelos morros e
calçadas
feito um anjo da guarda,
ou uma boa fada
Espalhando a alegria
sonhada
e a esperança,
contida no abraço,
de uma criança
abandonada
Natal de renovação,
sem comerciais
na televisão
Que anunciasse nos festivais,
ao som da chuva
nos beirais,
o nascimento de um novo tempo
Tempo de amar,
de ver o nascer do sol
no mar
e nunca mais
chorar
por estar só
Tempo de pardais
em revoadas,
de folguedos nos quintais,
sem queimadas,
de transformar o medo
em nunca mais
Tempo de união
e de aconchego,
de confraternização,
a fim de que a guerra,
ou mesmo a dor de um lamento
na Terra
sejam apenas peças expostas
no museu do esquecimento
Natal sem raça,
sem cor e sem distinção
Natal cheio da divina graça,
que nasce da compreensão
de que no fundo,
somos todos irmãos.
Emmanuel Chácara Sales