Poema de Natal
(Variação sobre o Poema de Natal de Vinicius de Moraes)

Para isso nascemos em silêncio:
Para argumentar de nossa treva,
Para compreender o incompreensível,
Para enterrar os nossos caros semelhantes -
Por isso carregamos este peso dentro de nós,
Angústia para conduzir a pedra morro adiante,
Dedos para escrever esta passagem.

Assim será a nosso destino;
Uma tarde sempre ensolarada,
Uma estrela e sempre aquela estrela,
Um infinito. Dois túmulos -
Por isso precisamos chorar,
murmurar algaravia, saber-se frágil
Na noite cavalgar por abismos,
aspirar às côdeas do tempo.

Não há muito que sonhar:
Uma canção sobre um túmulo,
Um verso, talvez, para ser olvidado,
Uma prece para a parca esperança -
Um pássaro cortejando uma nuvem.

                                                                Eric Ponty


 

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