Escuridão

Enquanto espero o natal,
Na guarida quente,
De corações que amo,
Surpreendo-me
Com a desesperança,
Com o frio e desabrigo,
Que muitos irmãos,
Sofrem na escuridão.

Luzes fortes ofuscam,
Meus claros olhos.
E quase cambaleando
De tanta luminosidade,
Penso no contraste aterrador,
De crianças a pedir auxílio,
Estendendo a sofrida mão,
Em variadas direções.

O colorido é maravilhoso
No burburinho das lindas lojas,
Oferecendo feitiços de matéria,
Que recebemos em efusão.
Ali bem perto alguém tem fome,
Não há cores, mas crepúsculo,
Não existem mimos, porém miséria,
Que passa despercebida e oculta.

Risos e barulho a todos entretêm,
Novidades que correm e divertem,
Vida que vibra em cada árvore.
Um pouco mais adiante, solidão,
Os rostos sérios e concentrados,
A pele marcada de lágrimas,
As mãos e a alma vazias,
E o olhar perdido na escuridão.


         Quando o Natal se aproxima

Quando o Natal se aproxima,
Brilhante e colorido,
A saudade machuca o coração,
No sonho já vivido.

Quando o Natal se aproxima,
Com tanta luz e alegria,
O tempo volta atrás
E percebemos o valor de cada dia.

Quando o Natal se aproxima,
Tocante e misterioso,
Recordo estranhas sensações,
E o som  melodioso.

Quando o Natal se aproxima,
Cada gesto ou palavra é vivência,
E os pensamentos se perpetuam,
Nos fragmentos  de tamanha ânsia.

Quando o Natal se aproxima,
Evocando imagens e dores,
Resguardo enfim a memória,
Em esquecimentos protetores.

Quando o Natal se aproxima,
Vislumbro  as diferenças,
Não entendo certas tolerâncias,
Mas me protejo nas crenças.

Quando o Natal se aproxima
Quisera pairar nas nuvens,
Esquecendo qualquer sofrimento,
E me fixo em outras paisagens.

Quando o Natal se aproxima,
Consolido minhas concepções,
Realizando o vôo da liberdade,
Em volta das emoções.

Vânia Moreira Diniz

 

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