Natal

Natal. Cada rumor que sae da Terra é um Hymno.
No olhar de toda crença ha da alegria o brilho;
neste dia nasceu o louro Deus-Menino
e um astro assignalou do céo seu aureo trilho.

Ante a tua infantil alegria, meu filho,
Vendo-te, qual Jesus, misero e pequenino,
como de um crime ré, toda minha alma humilho
ante o tremendo horror das trevas do Destino.

Não teve a Virgem-Mãe, quando o triste futuro
de Jesus lhe era um dia annunciado, previsto,
esta duvida atroz em que meu sêr torturo!

E por ti mando aos céos minhas supplicas mudas:
ah! prefiro te vêr soffredor como Christo,
a te saber na vida um máo, um vil, um Judas!

Gilka Machado

Do livro: " Poesias" (1915-1917),  de Gilka da Costa Mello Machado  (1ª parte do livro: Crystaes partidos), Editor Jacintho Ribeiro dos Santos, 1918, RJ
Enviado por: Alexandre Tambelli

 

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